Na notícia de hoje:
📉 Ibovespa e o “Flávio Day”: quando a política entra em campo, o mercado muda o esquema tático
🏦 Bancos no banco de reservas: por que o setor financeiro apanha primeiro em cenários de incerteza
🧾 Congresso e arrecadação: o corte de benefícios fiscais e a nova conta do governo
💰 A corrida dos dividendos: por que as empresas estão acelerando pagamentos antes de 2026
🌎 Wall Street em festa: recordes, juros mais baixos e a janela que pode se abrir para IPOs
🏖️ Os super-ricos e o offshore: como a reforma tributária muda a lógica do dinheiro grande
📲 Pix, crédito privado e tecnologia: o Brasil financeiro que funciona (apesar do caos)
Olha só: o mercado brasileiro nesta semana estava parecendo a Avenida Brasil às seis da tarde, em dia de chuva. Você até sabe para onde quer ir, o carro funciona, o combustível está no tanque… mas basta um acidente lá na frente para todo mundo frear ao mesmo tempo, ligar o pisca-alerta e começar a recalcular a rota.
O acidente da vez não foi econômico no sentido clássico. Não foi inflação fora de controle, nem calote, nem crise externa. Foi política, esse velho conhecido que no Brasil nunca entra na sala sem arrastar a cadeira. Ao mesmo tempo, enquanto o Ibovespa patinava, empresas corriam para distribuir dividendos, o Congresso ajustava o caixa do governo, Wall Street seguia fazendo festa e o Pix mostrava, mais uma vez, que quando o Brasil acerta, acerta bonito.
Essa edição é sobre isso: como o dinheiro reage quando o cenário fica turvo, por que alguns setores sofrem mais do que outros, e o que tudo isso tem a ver com a vida real — do pequeno empresário ao bilionário que degusta vinho raro em Inhotim.
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Volatilidade
Ibovespa, política e o retorno ao “Flávio Day” 📉
O Ibovespa encerrou mais uma sessão em queda, voltando a flertar com níveis vistos no chamado “Flávio Day”, o dia em que o mercado precisou recalibrar expectativas após o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro. Para quem não vive colado na tela, vale traduzir.

O mercado financeiro não gosta de surpresa. Ele prefere cenários previsíveis, mesmo que ruins, do que cenários nebulosos. Quando o quadro eleitoral fica mais complexo, os preços dos ativos passam a incorporar um “desconto de incerteza”. É como vender um apartamento sem saber se a rua vai virar mão única no ano seguinte: o comprador pede abatimento.
No pregão mais recente, o índice chegou a cair mais de 1% no pior momento do dia, oscilou bastante e terminou em queda moderada. Esse sobe-e-desce não é pânico; é digestão. O mercado está tentando entender quem são os jogadores, quais alianças são possíveis e que tipo de política econômica pode emergir lá na frente.

Importante frisar: não se trata de juízo de valor político. O mercado não vota, não tem ideologia. Ele precifica risco. Quanto maior a incerteza sobre regras fiscais, autonomia institucional e condução econômica, maior o prêmio exigido.
E quem paga essa conta primeiro? Os bancos. E é sobre eles que a gente fala agora.
Risco
Por que os bancos apanham primeiro? 🏦
Sempre que o cenário fica nebuloso, o setor bancário costuma ser o primeiro a levar pancada. Não é perseguição, é matemática.

Bancos são termômetros da economia. Eles dependem de crescimento, crédito saudável, estabilidade regulatória e previsibilidade. Quando o risco sobe, o investidor automaticamente recalcula: inadimplência pode aumentar, spreads podem mudar, impostos podem subir, regras podem ser revistas.
Nesta rodada, as ações dos grandes bancos caíram em bloco. Em apenas dois pregões, a perda de valor de mercado somada passou de dezenas de bilhões de reais. Isso não significa que os bancos “quebraram” ou ficaram ruins de repente. Significa que o mercado colocou um prêmio de cautela no preço.
É como no futebol: quando o time começa a tomar pressão, o técnico recua os laterais. Não é porque eles desaprenderam a jogar, mas porque o jogo mudou.
Esse movimento também ajuda a explicar por que as commodities seguraram um pouco o índice. Vale e Petrobras subiram, apoiadas por minério e petróleo. São empresas mais conectadas ao ciclo global do que à política doméstica de curto prazo.
Mas enquanto o mercado tenta entender o futuro, o Congresso também faz sua parte para ajustar o presente fiscal.
Fiscal
Corte de benefícios, bets e a conta do governo 🧾
O Senado aprovou o projeto que corta cerca de 10% dos benefícios fiscais e aumenta a tributação sobre bets, fintechs e Juros sobre Capital Próprio. Traduzindo: o governo está caçando receita onde ainda há espaço político.

O Brasil vive um dilema clássico: despesas rígidas, pressão por investimento social e uma âncora fiscal que precisa ser respeitada para evitar descontrole. Quando a arrecadação não cresce naturalmente, sobra mexer nos benefícios e fechar brechas.
O corte é linear, mas com exceções constitucionais. Além disso, parte do impacto só entra em vigor depois de 90 dias, por conta da chamada noventena. Ou seja, o efeito é gradual, não imediato.
Por que isso importa para quem está fora do mercado? Porque arrecadação define o espaço do governo para gastar sem recorrer a dívida ou inflação. Se a conta não fecha, o custo aparece em juros mais altos, crédito mais caro e crescimento menor.
E aqui entra um ponto importante: enquanto o governo tenta ajustar o caixa, as empresas estão fazendo exatamente o oposto — distribuindo tudo o que podem antes da mudança tributária.
Dividendos
A corrida dos dividendos antes de 2026 💰
Desde outubro, empresas brasileiras anunciaram mais de R$ 124 bilhões em dividendos. Não é coincidência. É planejamento tributário.

A partir de 2026, entra em vigor a taxação de dividendos para altas rendas. Lucros aprovados até o fim de 2025 seguem a regra antiga. Resultado? Empresas aceleram assembleias, limpam reservas e antecipam pagamentos.
Para o leigo, pense assim: se você soubesse que um imposto novo começa daqui a um ano, mas pode receber o dinheiro agora sem essa cobrança, o que faria? Exatamente.
Setorialmente, os bancos lideram em volume, mas setores como materiais básicos e consumo essencial também aparecem com força. Além disso, analistas esperam que ainda venha mais por aí, dado o volume de lucros retidos.
Esse movimento tem impacto macro: aumenta a renda disponível no curto prazo, movimenta consumo e também influencia decisões de alocação. E isso se conecta com o tema seguinte: para onde vai esse dinheiro?
Global
Wall Street, juros mais baixos e o apetite por risco 🌎
Enquanto o Brasil digere política e fiscal, Wall Street segue renovando máximas. O CIO do EFG Bank foi direto: o ambiente para 2026 continua construtivo, com crescimento, inflação controlada e juros mais baixos.

Juros menores significam desconto menor para fluxos futuros. Em bom português: ativos de risco ficam mais atraentes. Isso abre espaço para IPOs, fusões e aquisições, especialmente em setores ligados à tecnologia e inteligência artificial.
O ponto interessante aqui é que, mesmo com o otimismo, a expectativa é de retornos mais moderados no longo prazo. Nada de euforia estilo 2020. O mercado está animado, mas com o pé no chão.
E quando o mundo oferece retornos razoáveis, investidores brasileiros — especialmente os muito ricos — começam a olhar mais para fora. O que nos leva ao próximo tema.
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Patrimônio
Super-ricos, offshore e a nova lógica do dinheiro grande 🏖️
A reforma tributária sobre renda mudou o jogo para os grandes patrimônios. A taxação de dividendos, combinada com outras mudanças recentes, tende a liberar liquidez e estimular a diversificação internacional.

Eventos como a imersão em Inhotim mostram isso na prática: famílias com centenas de milhões discutindo ativos alternativos, private equity, investimentos globais e até vinhos raros.
Um ponto crucial levantado pelos especialistas é cultural. Apesar das oportunidades lá fora, mais de 90% do patrimônio dos ultrarricos ainda está no Brasil. Juros altos sempre foram um ímã poderoso. Mas à medida que o diferencial diminui, o mundo fica mais atraente.
Isso não é fuga irresponsável. É gestão de risco. Diversificar geograficamente é como não deixar todos os filhos estudando na mesma escola em bairro sujeito a enchente.
Enquanto o dinheiro grande se reorganiza, o Brasil mostra que também sabe inovar — e bem — quando o assunto é tecnologia financeira.
Inovação
Pix, crédito privado e o Brasil que funciona 📲
O Pix respondeu por 40% das compras online em 2024. É um número impressionante e explica por que o sistema virou referência global. Simples, barato, rápido e confiável.

Para o comércio, custa menos. Para o consumidor, reduz fricção e preocupação com fraude. Para a economia, aumenta eficiência. Não é exagero dizer que o Pix é uma das melhores políticas públicas econômicas já feitas no país.
No mercado de capitais, startups como a Vitrify mostram outro avanço silencioso: padronização e transparência no crédito privado. Um mercado que cresceu muito, mas ainda opera como botequim antigo, no fio do bigode.
Tecnologia, dados e padronização reduzem assimetria de informação, melhoram precificação e aumentam confiança. Não é glamour, mas é infraestrutura. E infraestrutura sustenta crescimento de longo prazo.
☕Conclusão
Voltando à nossa Avenida Brasil: o trânsito estava pesado, mas não parado. O mercado freou, piscou alerta, olhou o Waze e seguiu andando.
A política adicionou ruído, o fiscal trouxe ajustes, as empresas correram para distribuir dividendos, o dinheiro grande buscou diversificação, Wall Street seguiu otimista e o Pix continuou mostrando que eficiência também é política econômica.
Nada disso, isoladamente, define o futuro. Mas juntos, esses movimentos mostram um país — e um mercado — em transição, tentando se adaptar a novas regras, novos incentivos e um mundo que não espera.
"A inflação é como o pecado: todo mundo é contra, mas todo mundo pratica."

Roberto de Oliveira Campos (1917–2001) foi um dos economistas, diplomatas e políticos mais influentes da história recente do Brasil.
Até mais. Espero-te aqui denovo as amanhã as 06:00 em ponto. Obrigado pela atenção e um bom dia caro leitor!




