Na notícia de hoje:
🥈 A Revolta da Prata: O metal "primo pobre" roubou a cena, bateu recordes e está deixando o ouro com ciúmes.
🇺🇸 O Novo Xerife do Dólar: Trump e a dança das cadeiras no Fed – quem vai mandar nos juros do mundo?
🤖 A Bolha da Inteligência Artificial: Estamos comprando o futuro ou pagando caro demais por um "chatbot" de luxo?
💸 O Dilema das Big Techs: Gastar trilhões agora para (talvez) lucrar depois. A conta fecha?
🚰 O Fim da Seca na Bolsa: BRK Ambiental e a volta dos IPOs no Brasil (finalmente!).
📉 Selic em Janeiro ou Março? O Banco Central deixou a porta entreaberta e o mercado está tentando espiar.
🦁 O Sócio Oculto: Estudo revela que bancos e financeiras pagam mais impostos que todo mundo.
Fala, meu consagrado! Como é que você está? Espero que esteja tudo na mais perfeita ordem, com a tranquilidade de quem encontrou uma vaga na sombra em pleno domingo de sol no Arpoador.
Aqui quem fala é o seu economista de estimação — aquele que troca o "economês" chato por um papo reto, misturando a formalidade necessária com aquele molho carioca que a gente não perde nem vestindo terno e gravata na Faria Lima.
Se você parou para olhar o noticiário esta semana, deve ter sentido uma leve tontura. Não é labirintite, não. É volatilidade mesmo. O mundo financeiro está parecendo aquele trânsito da Linha Vermelha às 18h: uma mistura de gente querendo acelerar com engarrafamentos inesperados. De um lado, temos metais preciosos subindo como se não houvesse amanhã; do outro, a tecnologia prometendo revolucionar a humanidade, mas cobrando um preço salgado por isso. E aqui no nosso quintal tropical? Bem, aqui estamos naquele clássico "chove não molha" dos juros e descobrindo que, no fim das contas, quem mais fatura no mercado financeiro é... a Receita Federal.
Hoje, montei esta newsletter especialmente para você, que não trabalha no mercado, não perde o sono olhando gráfico de vela (candlestick) e acha que "hedge" é alguma marca de sorvete. Vamos decifrar, ponto a ponto, o que está acontecendo no Brasil e no mundo, conectando essas histórias para você entender como o preço da prata em Londres ou a decisão de um político em Washington podem afetar o seu bolso e o seu humor.
Commodities
1. A Prata é o Novo Ouro? 🥈
Sabe aquela história do "primo pobre" que de repente aparece na festa de família vestindo roupas de grife e parando o trânsito? Pois é, essa é a Prata nesta semana.

Historicamente, o Ouro é o rei do camarote. É o ativo de proteção, o porto seguro. Mas, nas últimas semanas, a Prata disse: "Licença, querido, que agora é minha vez". O metal atingiu níveis inéditos, ultrapassando os US$ 64 por onça-troy.
Pílula de Conhecimento do Carioca: Onça-troy? Não é um bicho da Amazônia. É a unidade de medida padrão para metais preciosos. Uma onça-troy equivale a aproximadamente 31,1 gramas. Então, quando dizemos que está US$ 64, estamos falando de cerca de 30 gramas de prata custando mais de trezentos e cinquenta reais.
Mas por que essa disparada? Não é porque as pessoas resolveram comprar mais talheres de prata para o Natal. O buraco é mais embaixo.
A prata tem uma característica curiosa: ela é, ao mesmo tempo, um ativo financeiro (reserva de valor) e um metal industrial essencial (usado em painéis solares, eletrônicos, baterias). O que estamos vendo é um "aperto" (ou squeeze, para os íntimos) de oferta.
Os estoques fora dos Estados Unidos estão secando. Fundos de Investimento (ETFs) estão comprando prata física loucamente, e a produção das minas não está dando conta. Bancos gigantes, como o J.P. Morgan e o HSBC, já avisaram: "Galera, acabou a prata em Londres". E quando a escassez bate na porta, o preço sobe pelo elevador.
Além disso, existe uma tensão geopolítica envolvendo tarifas e minerais críticos nos EUA. Enquanto não se resolve se a prata será taxada ou não, ninguém quer mandar o metal para lá, o que gera distorções locais de preço. É a clássica lei da oferta e da demanda agindo com anabolizantes.
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Macroeconomia
2. O "Chefe do Dinheiro" nos EUA: Trump e o Fed 🇺🇸
Agora, vamos pegar um avião imaginário e pousar em Washington. Lá, o presidente eleito Donald Trump está montando seu time, e a posição mais importante para a economia global é a cadeira de presidente do Federal Reserve (o Fed).

Pense no Fed como o Banco Central do mundo. Se o Fed sobe os juros, o dinheiro fica caro no planeta todo (inclusive aqui no Rio). Se o Fed baixa, a liquidez inunda os mercados.
Trump sinalizou que está inclinado a escolher Kevin Warsh ou Kevin Hassett para liderar a instituição. Por que isso importa para nós, meros mortais tomando mate na praia?
Porque o mercado financeiro tenta adivinhar o perfil desses candidatos. Eles são Hawkish (Falcões, que gostam de juros altos para matar a inflação) ou Dovish (Pombas, que gostam de juros baixos para estimular o crescimento)?
A expectativa é que a escolha de Trump traga uma postura um pouco mais Dovish. Trump gosta de crescimento, de bolsas subindo e de dólar competitivo para as exportações americanas. Se ele colocar alguém lá que corte os juros mais rápido, isso pode enfraquecer o dólar globalmente. E se o dólar cai lá fora, ele tende a aliviar aqui no Brasil também (ajudando a nossa inflação e permitindo que a gente viaje para a Disney sem vender um rim).
É o famoso efeito borboleta: uma nomeação em Washington pode baratear o seu pão francês no ano que vem.
Tecnologia
3. A Bolha da IA: Ouro Digital ou Ilusão Coletiva? 🤖
Saindo da política monetária e entrando na tecnologia, temos um debate que está dividindo as mesas de bar de Wall Street: A Inteligência Artificial (IA) é uma bolha?

Faz três anos que o ChatGPT apareceu e mudou tudo. Desde então, empresas como a Nvidia (que faz os "chips-cérebro" da IA) viraram as donas do mundo. O valor de mercado dessas empresas subiu trilhões de dólares. Trilhões. Com "T".

Mas agora, em dezembro de 2025 (olhando para o horizonte de 2026), a euforia está dando lugar a uma coceira atrás da orelha. Investidores estão começando a perguntar: "Beleza, a tecnologia é incrível, mas cadê o lucro?".
O problema é o seguinte: a promessa é linda, mas o custo é faraônico. A OpenAI, por exemplo, planeja gastar US$ 1,4 trilhão nos próximos anos. Segundo reportagens, eles vão "queimar" caixa até 2029 antes de começar a dar lucro de verdade em 2030.
Isso lembra muito o final dos anos 90, a "Bolha da Internet". Naquela época, qualquer empresa que colocasse ".com" no nome via suas ações explodirem, mesmo que não vendesse nada. Quando a bolha estourou, muita gente perdeu tudo.
O mercado está tenso. Ações da Oracle caíram, ações da Nvidia oscilaram. O medo é que tenhamos um "superaquecimento": muito dinheiro investido em data centers e chips, para um retorno que pode demorar a chegar. Se os investidores decidirem que cansaram de esperar, podemos ver uma correção forte nos preços. E como essas empresas (Microsoft, Google, Amazon) são gigantescas, se elas caem, elas arrastam a bolsa inteira junto.
Fundamentos
4. As "Big Techs" e a Conta que Chega (Capex e Depreciação) 💸
Vamos aprofundar um pouco na "tecnicidade" da coisa, mas prometo que vai ser indolor.
Para construir essa tal de Inteligência Artificial, as grandes empresas de tecnologia (Big Techs) estão fazendo o maior investimento de capital (Capex) da história. Estamos falando de construir prédios gigantescos (Data Centers) cheios de computadores superpotentes que esquentam horrores e gastam a energia de uma cidade pequena.

O estudo que circulou em Wall Street mostra que Alphabet (Google), Microsoft, Amazon e Meta (Facebook) devem gastar mais de US$ 400 bilhões nos próximos 12 meses. A maior parte disso vai para infraestrutura.
Aqui entra um conceito contábil chato, mas vital: Depreciação. Imagine que você comprou um carro zero para fazer Uber. Todo ano, esse carro vale menos, certo? Isso é depreciação. Para essas empresas, os computadores que elas compram hoje ficam obsoletos muito rápido. O custo de depreciação dessas empresas deve bater US$ 30 bilhões no ano que vem.
O que isso significa? Significa que o lucro contábil delas vai ser pressionado. E mais: o dinheiro que elas usavam para recomprar ações (o que fazia o preço subir) ou pagar dividendos aos acionistas, agora está sendo desviado para comprar cimento e chip.
Analistas estão alertando: "Se continuarmos alavancando as empresas para construir infraestrutura na esperança de monetizar no futuro, os múltiplos (preço da ação) vão cair".
Em resumo: a festa da IA está com a música alta e bebida liberada, mas alguém acabou de apresentar a conta do buffet, e ela é muito mais cara do que se imaginava.
IPOs
5. O Fim da Seca na Bolsa Brasileira: BRK Ambiental 🚰
Enquanto lá fora o pessoal gasta trilhões em robôs, aqui no Brasil estamos voltando ao básico: água e esgoto. E isso é uma ótima notícia!

O mercado financeiro brasileiro viveu uma "seca" de quatro anos. Desde 2021, praticamente nenhuma empresa teve coragem de fazer um IPO (Oferta Pública Inicial de Ações) na nossa bolsa.
Pílula de Conhecimento do Carioca: IPO é quando uma empresa decide abrir seu capital. É como um casamento. Ela diz ao mercado: "Olha, eu sou uma empresa legal, quer virar meu sócio? Compra minha ação aí". Em troca, ela pega esse dinheiro para investir e crescer.
A BRK Ambiental, gigante do saneamento, protocolou o pedido na CVM para abrir capital. A oferta deve girar em torno de R$ 2,5 bilhões.
Por que isso é importante?
1. Sinal de Vida: Mostra que os empresários estão voltando a confiar minimamente no Brasil para captar recursos.
2. Setor Essencial: Saneamento é um setor que precisa de muito dinheiro para obras (cano, estação de tratamento). Trazer esse dinheiro da bolsa ajuda a melhorar a infraestrutura do país.
3. Quebra do Gelo: Se a BRK tiver sucesso, outras empresas que estão na fila (esperando a poeira baixar) podem se animar e abrir capital também.
É a economia real girando. Não é bitcoin, não é robô que fala. É água na torneira e esgoto tratado. E, ironicamente, é isso que pode salvar a nossa bolsa do marasmo.
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Juros
6. Selic: Corta ou não corta? A Novela do Banco Central 📉
Falando em Brasil, a pergunta de um milhão de reais (ou de 13% ao ano) é: O que o Banco Central vai fazer com a taxa de juros (Selic)?

O Comitê de Política Monetária (Copom) soltou um comunicado recente que deixou o mercado com a pulga atrás da orelha. O Santander, por exemplo, analisou as vírgulas e disse: "Olha, eles não fecharam a porta para cortar os juros já em janeiro".
A inflação projetada caiu um pouquinho (de 3,3% para 3,2%). Parece pouco, mas no mundo dos juros, cada décimo conta.
Os operadores de mercado (aquela galera que grita ao telefone) estão divididos.
Cenário Otimista: O dólar cai para perto de R$ 5,30, o cenário externo ajuda (lembra do Trump escolhendo um presidente do Fed bonzinho?), e o BC corta 0,25% já em janeiro.
Cenário Realista: O BC espera até março para ter certeza de que a inflação não vai voltar a assustar, e aí começa a cortar com mais vontade (0,50%).
O diretor do Santander soltou uma frase interessante: "Para cortar em janeiro, precisamos que o câmbio ajude". Ou seja, estamos de novo reféns do Dólar.
Além disso, temos a questão fiscal. O governo precisa mostrar que vai gastar menos (ou arrecadar mais) para o BC se sentir confortável em baixar os juros. É uma dança complicada. Se o governo gasta muito, a inflação sobe, e o juro tem que ficar alto. Se o governo segura a mão, o juro pode cair.
Para você, leigo, o resumo da ópera é: existe uma luz no fim do túnel para o crédito ficar mais barato em 2026. Mas, por enquanto, a cautela impera.
Fiscal
7. O Leão e os Bancos: Quem Paga a Conta? 🦁
Para fechar nossa newsletter, vamos falar de um assunto que todo brasileiro ama odiar: Impostos.
Saiu um estudo super detalhado da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (Fin). E o resultado é surpreendente (ou não). O setor financeiro (bancos, fintechs, seguradoras) é o maior pagador de impostos do Brasil.

Segura esses dados:
O setor financeiro representa cerca de 4,8% da economia (PIB).
Mas ele paga uma fatia de impostos federais 10 pontos percentuais acima dessa participação.
A carga tributária sobre lucro (IRPJ + CSLL) chega a 45%. Quase metade do lucro vai para o governo.
Na comparação mundial, o Brasil cobra mais imposto de banco do que 75% das outras economias.
"Ah, mas banco tem lucro bilionário, tem que pagar mesmo!", você pode pensar. Eu entendo o sentimento. Mas, como economista, preciso te dar a outra visão: imposto é custo.
Se o banco paga 45% de imposto, ele repassa esse custo para quem? Para o Papai Noel? Não. Para você. O spread bancário (a diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro e o que ele cobra para te emprestar) é alto no Brasil em grande parte por causa dos impostos e da inadimplência.
O estudo mostra que existe uma correlação direta entre um sistema financeiro forte e o crescimento do país. Se tirarmos tanto dinheiro do setor via impostos, sobra menos dinheiro para financiar casas, fábricas e o consumo das famílias.
É o paradoxo brasileiro: queremos juros baixos e crédito barato, mas tributamos a fonte do crédito como se fosse pecado.
☕Resumo da Ópera: O Caos Organizado
Se a gente costurar tudo isso que conversamos, o cenário é o seguinte: O mundo está mudando de eixo. A tecnologia (IA) está exigindo um capital absurdo, o que gera riscos de bolha. Os metais (Prata) estão sinalizando escassez física de recursos. Os EUA estão decidindo o futuro do dinheiro global com a nova equipe de Trump. E o Brasil?
O Brasil segue sendo o Brasil. Estamos tentando reativar nosso mercado de capitais (IPO da BRK), sonhando com juros mais baixos (Selic) e descobrindo que nosso sistema tributário é um sócio pesado que joga contra o barateamento do crédito.
Para nós, que vivemos a economia real — pagando boleto, fazendo supermercado e planejando as férias —, a lição é: cautela e observação. O cenário externo está volátil e o interno, como sempre, depende de muitas variáveis políticas. Não é hora de aventuras malucas com o seu dinheiro, mas também não é hora de pessimismo exagerado. As coisas estão se movendo.
Como diria o genial Luis Stuhlberger, um dos maiores gestores de fundos da história desse país (o homem por trás do Fundo Verde):
"O mercado é um ser maníaco-depressivo. Ele alterna entre a euforia injustificada e a depressão profunda sem motivo aparente. O segredo é não se deixar levar nem por um, nem por outro."

Luis Stuhlberger é um renomado engenheiro civil e gestor de fundos de investimento brasileiro, amplamente conhecido por fundar e gerir o Fundo Verde.
Mantenha a cabeça fria, o coração quente e o bolso fechado até ter certeza. Um forte abraço e até a próxima edição!




