Na notícia de hoje:
🏦 Copom e o Jogo de Palavras: O Banco Central trocou "suficiente" por "adequada". Parece aula de português, mas pode significar juros caindo em janeiro.
📉 Dólar de Joelhos: A moeda americana caiu para R$ 5,40. Agradeça aos juros altos e à calmaria (momentânea) em Brasília.
🎢 Ibovespa Bipolar: A Bolsa brasileira tentou subir, mas a Petrobras segurou o índice pelo tornozelo. Fechamos no zero a zero.
🇺🇸 Tio Sam Misto: Em Nova York, índices tradicionais batem recordes, mas a tecnologia (e a IA) tropeçou feio.
🛢️ Petróleo em Baixa: Muita oferta para pouca demanda. Opep e AIE avisaram, e o preço do barril escorregou.
₿ Bitcoin na Lateral: A criptomoeda estacionou nos US$ 93 mil. Tá parecendo trânsito na Avenida Brasil: motor ligado, mas não sai do lugar.
🆘 Resgate Bancário: O FGC pode entrar em campo para ajudar na venda do Will Bank. É o "samu" financeiro garantindo que o sistema não trave.
Olá, meus caros leitores. Como bom carioca, eu diria que a economia nesta semana está parecendo aquele dia de verão no Arpoador: o sol está brilhando (o dólar caiu, o que é ótimo), mas a bandeira no mar é vermelha (a Petrobras e o petróleo dando sustos) e a gente fica naquela dúvida se entra na água ou se fica só no calçadão tomando uma água de coco.
Estamos em meados de dezembro de 2025, e o cenário é de pura expectativa. Sabe aquela sensação de quando você está num restaurante lotado no Leblon, esperando a mesa vagar? Você vê o garçom vindo (sinais de corte de juros), ele faz um sinal com a cabeça (a mudança de linguagem do Copom), mas ainda não te chamou para sentar. É exatamente assim que o mercado está se sentindo em relação à taxa Selic.
Nesta edição, vamos desenrolar esse emaranhado de sinais sutis do Banco Central, entender por que o seu dinheiro "renda fixa" continua rendendo horrores (15% ao ano não é para amadores) e por que, lá fora, o pessoal está com medo de que a Inteligência Artificial tenha subido no telhado. Puxe a cadeira, peça um mate gelado e venha comigo entender o que aconteceu nas últimas 24 horas.
Copom
1. Copom: A Arte de Falar Sem Dizer (Quase) Nada 🏦
Meus amigos, economista adora uma semântica. Se você acha que a diferença entre "gostar" e "amar" é complicada, tente entender a diferença entre "suficiente" e "adequada" para o Banco Central.

Nesta última quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (o nosso famoso Copom) manteve a taxa Selic parada. Até aí, nenhuma novidade. A Selic continua nos estratosféricos 15% ao ano. Mas o pulo do gato — ou melhor, a ginga do malandro — estava no comunicado oficial.
A Troca das Palavras Antes, o BC dizia que manter os juros altos por um tempão era "suficiente" para controlar a inflação. Agora, eles mudaram para "adequada". "Mas qual a diferença, meu economista?", você me pergunta. Pense assim: se o remédio é "suficiente", você já tomou a dose toda e não precisa de mais. Se você continuar tomando, pode ter uma overdose (travar a economia demais). Ao mudar para "adequada", e adicionar a expressão "estratégia em curso", o BC está dizendo: "Olha, o tratamento está funcionando, os efeitos estão se acumulando, e talvez a gente possa começar a diminuir a dose em breve".
Tirando as Travas O Copom está, sutilmente, destrancando a porta para um corte de juros em janeiro. Eles pararam de dizer que o mercado de trabalho está "dinâmico" (que sugere aquecimento e inflação) e passaram a dizer que está "resiliente" (que sugere que está aguentando o tranco, mas desacelerando).
Gabriel Galípolo, o presidente do BC, já tinha avisado: não esperem um telegrama gritando "VAMOS CORTAR". O Banco Central não funciona assim. Eles deixam pistas. E a pista agora é: se a inflação continuar caindo (e a projeção para 2027 caiu de 3,3% para 3,2%), o corte vem. É o famoso "deixa baixo", mas o mercado já entendeu.
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Dólar
2. O Dólar: Aquele Convidado que Resolveu Ir Embora Cedo 💸
Se tem uma coisa que deixa o brasileiro feliz — além de feriado prolongado — é ver o dólar cair. E ontem, a verdinha despencou quase 1,2%, fechando ali na casa dos R$ 5,40.

Por que isso aconteceu? Aqui temos o clássico "efeito tesoura".
Selic na Lua: Com juros a 15% no Brasil, o gringo olha para cá e pensa: "Poxa, vou deixar meu dinheiro rendendo no Rio de Janeiro ganhando 15% ou em Nova York ganhando 4%?". O dinheiro entra no Brasil para aproveitar esse juro alto (o tal do Carry Trade), e quando entra muito dólar, o preço dele cai.
Alívio Político: Tivemos uma semana tensa com ruídos sobre eleições de 2026, candidaturas, etc. Mas ontem a poeira baixou. O mercado percebeu que o Banco Central é sério e não vai brincar em serviço, independente da política. Isso trouxe calma.
Até o euro caiu, ficando em R$ 6,34. Para quem planeja viajar, foi um dia de glória. Mas não se iluda: câmbio no Brasil é igual humor de sogra, muda sem aviso prévio. Por enquanto, aproveitemos a brisa.
Bolsa
3. Ibovespa e Petrobras: Um Passo para Frente, Dois para Trás 🎢
A nossa Bolsa de Valores (B3) teve um dia de montanha-russa. O Ibovespa começou caindo, depois subiu cheio de esperança, tocou quase os 160 mil pontos, mas no final do dia... puf. Fechou estável (0,07% de alta).

O Vilão: Petrobras A Petrobras tem um peso enorme no índice. Se ela espirra, a Bolsa pega gripe. As ações da estatal caíram mais de 2%. O motivo? O petróleo lá fora despencou (falaremos disso já já). Com a Petrobras caindo, ela puxou o índice para baixo, anulando a alegria que os outros setores estavam sentindo com a queda dos juros futuros.

O Lado Bom Apesar da Petrobras, o resto da festa estava animado. Setores sensíveis a juros (como varejo e construção) gostaram da postura do BC. Os "juros futuros" (que são as apostas de juros para daqui a alguns anos) caíram. Isso significa que o mercado bota fé que a inflação vai baixar e os juros vão cair lá na frente. O BTG Pactual e a Vale ajudaram a segurar as pontas, mas não foi suficiente para uma grande alta.
Petróleo
4. Petróleo: A Lei da Oferta e da Procura 🛢️
Lembra das aulas de economia básica? Se tem muita mercadoria e pouca gente querendo comprar, o preço cai. É o que está rolando com o petróleo.

O barril do tipo Brent (referência mundial) caiu quase 1,5%. Dois relatórios importantes saíram ontem: um da Opep (o clube dos países petrolíferos) e outro da AIE (Agência Internacional de Energia).
O resumo da ópera é:
1: O mundo está produzindo muito petróleo (o tal "excesso de oferta").
2: A demanda não está crescendo na mesma velocidade.
3: Conclusão: Sobra óleo. Preço cai.
Isso é ruim para a Petrobras (que vende petróleo), mas, ironicamente, pode ser bom para você. Petróleo mais barato pode ajudar a segurar o preço da gasolina e do diesel aqui dentro, o que ajuda a controlar a inflação. É o famoso "há males que vêm para o bem".
Tecnologia
5. Wall Street: A Inteligência Artificial Cansou? 🤖🇺🇸
Lá nos Estados Unidos, a situação foi curiosa. O índice Dow Jones e o S&P 500 bateram recordes históricos. Estão nadando de braçada. O motivo? Jerome Powell, o presidente do Banco Central americano (o Fed), deu sinais de que pode ser flexível e não ser tão duro nos juros.

Porém, o índice Nasdaq, onde moram as empresas de tecnologia, fechou no vermelho. A culpa foi das "Techs". Empresas como Oracle, Intel, Alphabet (Google) e Nvidia caíram.
O Medo da IA O mercado começou a se perguntar: "Será que a gente não exagerou nessa aposta de Inteligência Artificial?". A Oracle soltou resultados abaixo do esperado, e isso acendeu um alerta. Investidores estão com medo de que todo o dinheiro gasto em IA não dê retorno tão rápido. É como comprar uma Ferrari e ficar preso no engarrafamento da Linha Vermelha: a máquina é linda, mas não está entregando a velocidade prometida agora.
Cripto
6. Bitcoin: Estacionado na Garagem ₿
Para quem gosta de criptomoedas, a semana está sendo de paciência. O Bitcoin (BTC) estacionou na faixa dos US$ 93 mil.

O mercado cripto está sofrendo de "indigestão macroeconômica".
Correlação com Tech: O Bitcoin, ultimamente, anda de mãos dadas com as ações de tecnologia. Se a Nvidia e o Google caem, o Bitcoin sente o tranco. Como o capital saiu das empresas de IA, o Bitcoin perdeu força de compra.
O Fator Powell: As falas do presidente do Fed colocaram dúvidas se os juros vão cair rápido nos EUA. Juro alto lá tira a atratividade de ativos de risco como cripto.
Mas nem tudo é choro. Os analistas dizem que os "acumuladores" (investidores grandes, institucionais) estão aproveitando para comprar na baixa. Para a consultoria Vault Capital, o pior já passou e a meta é retomar os US$ 95 mil. É aquele momento de "calmaria antes da tempestade" (esperamos que uma tempestade de alta).
FGC
7. Will Bank e o Resgate do FGC: O Bombeiro Chegou 🚒
Por fim, uma notícia de bastidor bancário que é super importante para a saúde do nosso sistema. Lembra do Banco Master? Ele sofreu intervenção do BC. Dentro desse rolo todo, existe um banco digital chamado Will Bank, que está à venda.

O fundo Mubadala (lá de Abu Dhabi, gente com muito dinheiro) quer comprar o Will Bank. Mas, para fechar a conta e garantir que o negócio pare de pé, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) pode entrar na jogada.
O que é o FGC mesmo? É como se fosse um seguro que os bancos pagam. Se um banco quebra, o FGC devolve o dinheiro dos clientes (até R$ 250 mil). Mas o FGC também atua para evitar que o banco quebre.
A ideia é: o FGC empresta um dinheiro "camarada" para ajudar na venda do Will Bank para o Mubadala. "Mas por que o FGC faria isso?" Simples: sai muito mais barato emprestar um pouco agora e salvar o banco, do que deixar o banco quebrar e ter que pagar todos os clientes depois. É pura matemática de redução de danos. Além disso, ter um sócio forte como o Mubadala assumindo o banco diminui o risco para todo mundo.
Enquanto isso, a situação no antigo conglomerado do Master continua tensa, com funcionários relatando clima ruim e incertezas. É a parte triste da história que nos lembra que, por trás dos números, existem pessoas e empregos.
☕Conclusão: O Jogo da Paciência
Meus caros, se tem uma lição nesta semana, é que a economia é feita de expectativas. Estamos esperando o Copom cortar os juros em janeiro. Estamos esperando o Bitcoin sair do lugar. Estamos esperando a Inteligência Artificial provar seu valor financeiro imediato. Estamos esperando o desenlace do Will Bank.
O cenário é positivo, mas exige cautela. A inflação está convergindo (lentamente), o dólar deu uma trégua e o crescimento econômico, embora desacelerando, mostra resiliência. Não é hora de euforia, nem de pânico. É hora de "canja de galinha"
Como diria o lendário André Jakurski, fundador da JGP e um dos gestores mais respeitados do país:
"O Brasil é um país que costuma melhorar quando chega na beira do abismo."

André Jakurski é um renomado investidor e gestor de recursos brasileiro, sócio-fundador e diretor da JGP, uma das principais gestoras de fundos multimercado do país.



