Na notícia de hoje:
🚨 O Perigo Invisível na Renda Fixa: Seus investimentos em CRIs, CRAs e debêntures podem estar valendo menos do que aparece no extrato do banco.
🇺🇸 Tio Sam abriu a torneira: O Banco Central Americano (Fed) cortou os juros e prometeu injetar bilhões na economia, salvando o humor global.
🇧🇷 Copom e os Juros no Pão de Açúcar: O nosso Banco Central manteve a Selic alta (15%), mas mudou o discurso e deixou a porta aberta para cortes em janeiro.
🏛️ Brasília vs. Faria Lima: O cenário político, com a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, estressou os juros futuros, mas o alívio lá fora compensou.
📈 Bolsa Resiliente: Mesmo com o barulho político, o Ibovespa fechou no azul, recuperando os 159 mil pontos.
🔮 A Grande Aposta: O mercado está dividido: o corte de juros vem em janeiro ou só depois do Carnaval (março)?
₿ Cripto e a Montanha-Russa: O Bitcoin balançou, mas gostou da liquidez americana e segue flertando com os US$ 100 mil.
Meus caros, se a economia fosse um dia de praia no Rio, ontem (quarta-feira, dia 10) foi aquele dia de sol forte mas com ondas quebrando com força, marcado por uma "super quarta" de decisões: enquanto o Federal Reserve lançou uma boia salva-vidas ao cortar juros e acalmar os ânimos globais, aqui no nosso quintal o Copom manteve a taxa em 15%, porém com um discurso mais brando que sugere uma possível descida em breve. No meio desse cenário, onde a dúvida entre entrar no mar ou ficar na areia persiste, precisamos falar sobre um risco oculto na Renda Fixa e a taquicardia causada pela política, mergulhando agora nesses detalhes sem "economês" chato, porque o seu bolso não aceita desaforo.
Precificação
1. O Risco Oculto na Sua Carteira de Renda Fixa 🚨
Vamos começar pelo assunto mais sério, aquele que afeta diretamente a sua poupança e que quase ninguém te conta. Sabe aquele investimento em Crédito Privado que o gerente do banco te ofereceu? Aqueles com sopas de letrinhas como CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (do Agronegócio) e Debêntures?
Pois é. Houve uma explosão na oferta desses produtos. Eles prometem render mais que o Tesouro Direto e são isentos de Imposto de Renda (no caso de CRIs e CRAs). Parece o paraíso, certo? Errado. Existe um risco escondido aí.

A Ilusão do Extrato Imagine que você tem um apartamento que vale R$ 500 mil. Mas o mercado imobiliário cai e, se você fosse vender hoje, só conseguiria R$ 400 mil. Porém, na sua planilha pessoal, você continua anotando R$ 500 mil porque "acha" que vale isso. No mercado financeiro, isso tem nome.
Muitos fundos e carteiras usam a chamada "Marcação na Curva". Isso significa que eles mostram no seu extrato o valor teórico do título, como se tudo fosse dar certo até o vencimento, rendendo juros todo dia, bonitinho, numa linha reta para cima. É como um termômetro quebrado que sempre marca 36°C, mesmo você estando com febre.

A Realidade da "Marcação a Mercado" A verdade aparece na "Marcação a Mercado". É o preço real: quanto você receberia se precisasse vender aquele título agora, na "bacia das almas". E a realidade é dura. Segundo especialistas, quando atualizamos os preços para a realidade, a média dos ativos vale cerca de 95% do preço de face. Parece pouco (5% de perda), mas lembre-se: na média, se eu comi dois frangos e você nenhum, na média comemos um cada, mas você continua com fome.
Existem casos dramáticos. Empresas alavancadas (endividadas até o pescoço) podem ter títulos sendo negociados a 30% ou 40% do valor real no mercado secundário, enquanto no extrato do cliente ainda aparece como se valesse 99%.
O Caso Belagrícola e a "Seleção Adversa" Um exemplo real citado no mercado é o da Belagrícola. A empresa suspendeu pagamentos, e quem tentou vender seus CRAs no mercado secundário (para outros investidores) encontrou um deserto. Havia gente querendo comprar por 4% do valor (preço de banana podre), enquanto quem vendia pedia 63%. Resultado? Ninguém vende, ninguém compra, e o investidor fica "preso" com o papel.
Isso cria um ciclo vicioso perigoso. Como os produtos ilíquidos (difíceis de vender) parecem mais estáveis no extrato (porque usam a marcação teórica), o investidor leigo acha que eles são mais seguros que os ativos líquidos. É uma armadilha. Você acaba comprando mais risco achando que está protegido.
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Fed
2. Tio Sam e a Máquina de Dinheiro 🇺🇸
Agora, vamos olhar para o Norte. Ontem, o Federal Reserve (Fed) fez a alegria da torcida. Eles cortaram os juros americanos em 0,25 ponto percentual (agora estão entre 3,50% e 3,75%).

Mas o "pulo do gato" não foi só o corte. Foi a liquidez. O Fed anunciou que vai voltar a comprar US$ 40 bilhões em títulos da dívida pública americana todo mês.
Por que isso importa para você no Rio de Janeiro ou em São Paulo? Pense no mercado financeiro como uma festa. A liquidez é a bebida. Quando o Fed diz que vai comprar títulos, ele está basicamente dizendo: "Vou colocar mais bebida na festa". Com mais dólares circulando, o dinheiro tende a buscar rendimentos em outros lugares (inclusive aqui no Brasil), o que ajuda a segurar o dólar e valorizar a nossa bolsa.
Além disso, Jerome Powell (o presidente do Fed) acalmou os ânimos dizendo que não pretende subir juros tão cedo. Foi um alívio tão grande que ajudou a "limpar a barra" do estresse que estávamos vivendo aqui no Brasil durante o dia.
Selic
3. Copom: O Guardião da Montanha 🇧🇷
Enquanto os americanos cortam, aqui no Brasil a gente segura o rojão. O Copom decidiu manter a Taxa Selic em 15% ao ano. Sim, é alto. É um juro que machuca quem precisa de crédito, mas o Banco Central diz que é o remédio amargo necessário para curar a inflação.
A Sutileza das Palavras Economista adora ler as entrelinhas. O comunicado do Copom trouxe mudanças sutis, mas poderosas:
"Estratégia em curso": Eles adicionaram essa expressão para dizer: "Calma, gente. A gente já está com juros altos há um tempão. O efeito é acumulativo. Não precisamos aumentar mais, só esperar o remédio fazer efeito."
"Adequada" vs. "Suficiente": Antes, eles diziam que a taxa era "suficiente". Agora dizem que é "adequada". Parece bobagem, né? Mas "suficiente" dava a ideia de que o trabalho acabou. "Adequada" dá a ideia de que estão vigilantes, mas flexíveis.
Tradução: O Copom tirou as travas que impediam um corte de juros. Eles não prometeram cortar em janeiro, mas deixaram a porta destrancada. Se a inflação continuar caindo (e as projeções para 2027 caíram de 3,3% para 3,2%), pode ser que em janeiro tenhamos uma surpresa feliz.
Política
4. Brasília x Mercado: O Cabo de Guerra 🏛️
Ontem de manhã, o mercado brasileiro acordou de mau humor. O motivo? Política, como sempre. A notícia da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência causou um estresse nos chamados "Juros Futuros" (que são as apostas do mercado para os juros nos próximos anos).

Por que o mercado estressa com isso? O mercado financeiro detesta incerteza e polarização extrema que possa levar a gastos públicos excessivos (populismo fiscal), venha de que lado vier. Quando o cenário eleitoral de 2026 começa a esquentar tão cedo, os investidores cobram um "prêmio de risco" maior. É como se dissessem: "Para deixar meu dinheiro no Brasil com essa bagunça política, eu quero ganhar mais juros".
No entanto, o alívio que veio dos Estados Unidos à tarde foi tão forte que ajudou a apagar parte desse incêndio. As taxas de juros futuros, que tinham subido forte, fecharam o dia com altas mais moderadas. Foi o cenário externo salvando a gente de nós mesmos.
Apostas
5. A Grande Aposta: Janeiro ou Março? 🔮
Agora que o Copom falou, começou o bolão da Faria Lima. Quando a Selic vai cair?
Uma pesquisa da BGC Liquidez mostra que o mercado está mais dividido que torcida em Fla-Flu:
33% acham que o primeiro corte vem já em Janeiro.
31% acham que só acontece em Março de 2026.

A incerteza política (leia-se: o fator Flávio Bolsonaro e as tramitações no Congresso) fez muita gente "tirar o time de campo" da aposta de janeiro. Antes, a chance de manutenção dos juros em janeiro era de 34,5%; agora, pulou para 56%.
O mercado quer ver a inflação convergir para a meta de 3%. Enquanto a projeção estiver acima disso (estamos em 3,2% para 2027), o Banco Central vai continuar com o freio de mão puxado. É aquela história: "gato escaldado tem medo de água fria".
Bolsa
6. Ibovespa: O Sobrevivente 📈
Mesmo com todo o barulho político e a preocupação fiscal, a nossa Bolsa de Valores (B3) mostrou resiliência. O Ibovespa fechou em alta de 0,69%, recuperando o patamar dos 159 mil pontos.

O que puxou a alta? Basicamente, o "efeito Powell" (o presidente do Fed). Quando os juros americanos caem e o risco de uma alta lá fora desaparece, os investidores globais voltam a olhar para mercados emergentes como o Brasil.
Destaques: O banco BTG Pactual subiu bem (+2,36%), e as gigantes de commodities como Vale e CSN (Siderurgia Nacional) também ajudaram, surfando na onda dos preços do minério de ferro.
Mas nem tudo são flores. A gestora Verde, do lendário Luis Stuhlberger, soltou uma carta dizendo que o mercado está subestimando os riscos políticos para 2026. Eles acham que os preços atuais não refletem a bagunça que pode virar a eleição. Ou seja: a Bolsa subiu, mas os tubarões estão nadando com colete salva-vidas.
Cripto
7. Cripto: Surfando na Liquidez ₿
Para a turma que gosta de risco e tecnologia, o Bitcoin teve um dia de montanha-russa. Ele chegou a bater US$ 94 mil, caiu um pouco depois, mas a tendência de fundo parece positiva.

A conexão com o Fed Lembra dos US$ 40 bilhões que o Fed vai injetar comprando títulos? O mercado de criptoativos adora isso. Liquidez (dinheiro sobrando) costuma fluir para ativos de risco como o Bitcoin. Analistas dizem que, com essa "impressora ligada" nos EUA, o Bitcoin pode testar os US$ 100 mil até o fim do ano.
Mas atenção: Jerome Powell avisou que a inflação de bens nos EUA subiu um pouco por causa de tarifas. Cripto é volátil. Se você tem estômago fraco, melhor ficar na renda fixa (mas cuidado com a marcação a mercado que falei lá no item 1!).
☕ Resumo da Ópera
Meus amigos, o cenário é de cautela. Lá fora, o tempo abriu. Aqui dentro, o tempo está nublado, com pancadas de chuva política a qualquer hora.
A lição principal de hoje vem do primeiro tópico: não confie cegamente no extrato do seu investimento de crédito privado. A realidade pode ser menos colorida do que o app do banco mostra. Em tempos de juros altos e empresas endividadas, liquidez (a facilidade de transformar investimento em dinheiro na mão) vale ouro.
Como disse a Verde Asset, gestora do grande Luis Stuhlberger, em sua carta mensal divulgada recentemente:
"Muitos participantes do mercado reconhecem o potencial de alta de uma mudança política, mas em geral o consenso minimiza o 'downside' [potencial de queda] de uma manutenção do atual governo no poder. Preferimos buscar alinhar exposição ao potencial de alta com uma adequada proteção."
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Luis Stuhlberger é um renomado gestor de fundos de investimento brasileiro e uma das figuras mais proeminentes do mercado financeiro do Brasil.
Ou seja: na dúvida, proteja-se. Não coloque todos os ovos na mesma cesta e, se for para o mar revolto, leve o colete salva-vidas.
Um abraço e bons negócios a todos! Nos vemos amanhã, se o mercado deixar.



